A CIDADE É A CASA É A CIDADE É A CASA - ou quando a arte repensa a habitação em plena pandemia

Uma exposição para ver entre os dias 5 de setembro e 18 de outubro na Galeria Liminare, na freguesia do Lumiar, em Lisboa.
13 set 2020 min de leitura

A pandemia veio mudar a forma como se pensam as cidades, os espaços públicos, mas também as próprias casas, com a introdução de novos hábitos, rotinas, formas de viver e de estar dentro delas. Da arquitetura ao design, e também noutras formas de arte e disciplinas, tornou-se importante repensar, mais que nunca, as relações entre os sujeitos e os locais. E é essa a proposta do coletivo de curadores da Pós-Graduação em Curadoria de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa - NOVA FCSH (2019-2020) com a exposição “A cidade é a casa é a cidade é a casa”. Um conjunto de obras artísticas que, em tempos como os que vivemos, pretendem mostrar que, “da mesma forma que a apropriação que fazemos dos espaços altera o seu propósito primordial, somos também diretamente influenciados pelo lugar que habitamos”.

A equipa de curadores explicou ao idealista/news de que maneira este trabalho artístico – exibido entre os dias 5 de setembro e 18 de outubro de 2020, na Galeria Liminare, no Lumiar, em Lisboa – explora a relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como habitamos os seus espaços, sublinhando a importância de se “re-imaginarem” novos modos de, coletivamente, ser-habitar-construir. Para os curadores é fundamental que as cidades não se transformem em “corpos estranhos e distanciados”, que não nos pertencem e no qual não podemos intervir, sendo por isso imperativo idealizar novas visualidades urbanas que estabeleçam outras formas de, individual e coletivamente, (re)construir os espaços”.

Nesta mostra, realizada em parceria com a EGEAC e a Millenium, e orientada por Emília Tavares e Sandra Vieira Jürgens, foram convidados a participar os artistas Ana Battaglia Abreu, Bruno Cidra, Inês Norton, Luís Plácido Costa e Marta Soares. O atual contexto de Covid-19 ganhou preponderância como oportunidade para as obras selecionadas explorarem “dinâmicas entre espaços preenchidos e vazios, as quais se propõem a repensar a forma como os espaços se habitam, ao mesmo tempo que convidam o público a repensar nas dinâmicas do movimento nas suas diversas possibilidades”.

Durante o tempo de exibição da mostra, aberta ao público todas as quintas, sextas e sábados entre as 14h00 e as 18h00, serão ainda realizadas várias atividades (físicas e online) para alargar a discussão pública sobre a efemeridade e os usos da cidade. Da inspiração aos tempos de pandemia, passando pelos objetivos e programação, o coletivo de curadores adianta mais alguns pormenores sobre a exposição nesta entrevista escrita ao idealista/news.

Como surgiu a ideia e qual é o objetivo da exposição “A cidade é a casa é a cidade é a casa"?

O conceito curatorial da exposição “A cidade é a casa é a cidade é a casa” parte da premissa da exploração da relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como os indivíduos habitam esses espaços. Lugares de pertença e de vazios. Neste sentido, e porque as propostas artísticas são atos de (re)construção, que assumem a memória e a efemeridade enquanto potenciais transformativos, foram convidados a participar os artistas: Ana Battaglia Abreu, Bruno Cidra, Inês Norton, Luís Plácido Costa e Marta Soare.

De que forma explora a relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como habitamos os seus espaços?

Esta exposição sugere uma ação dupla. Por um lado, é necessário olhar as cidades (e suas casas) por intermédio de uma lente que resgate o(s) seu(s) passado(s) e que seja capaz de (re)descobrir, preservar e dialogar com o conjunto de testemunhos que as constituem. Por outro, é também necessário olhá-las por intermédio de uma lente que contemple os seus futuros possíveis e que seja capaz de acreditar que, na sequência do atual contexto pandémico, o nosso forçado (mas necessário) regresso-demora às nossas casas-refúgios se metamorfoseie numa oportunidade para nos repensarmos enquanto humanidade, re-imaginando novos modos de, coletivamente, ser-habitar-construir esta débil cidade global que é o mundo. 

“A cidade é a casa é a cidade é a casa” parte da premissa da exploração da relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como os indivíduos habitam esses espaços. Lugares de pertença e de vazios.

Quem visitar esta exposição irá ver que tipo de obras artísticas e de que autores?

As obras selecionadas exploram as dinâmicas entre espaços preenchidos e vazios, as quais se propõem a repensar a forma como os espaços se habitam, ao mesmo tempo que convidam o público a repensar nas dinâmicas do movimento nas suas diversas possibilidades.

A exposição poderá ser visitada na Galeria Liminare, no Lumiar (em Lisboa)  / Créditos: Andreia Mayer
A exposição poderá ser visitada na Galeria Liminare, no Lumiar (em Lisboa) / Créditos: Andreia Mayer

A pandemia influenciou o processo criativo da exposição? De que forma?

Sim. O contexto sui generis que envolveu o desenvolvimento desta exposição (o facto de pouco depois de se iniciarem as aulas do 2º semestre ter sido decretado em Portugal o Estado de Emergência devido à situação pandémica provocada pela Covid-19), teve sem dúvida impacto na relação entre os diversos intervenientes (entenda-se, alunos e professores), mecanismos de investigação e partilha de ideias.

Sentimos ainda a necessidade de conjugar atividades que unissem o físico e o online. Por exemplo, a obra de Ana Battaglia Abreu estará na exposição e será ao mesmo tempo acompanhada de uma performance que estará disponível online.

Convite da exposição “A cidade é a casa é a cidade é a casa" / Coletivo de curadoria
Convite da exposição “A cidade é a casa é a cidade é a casa" / Coletivo de curadoria

Que tipo de programação paralela vão ter?

O programa paralelo da exposição pretende explorar, em maior profundidade, o seu núcleo: a relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como habitamos os seus espaços. Desta forma, no decorrer da exposição, serão realizadas atividades presenciais e online, nomeadamente conversas, mostras de filmes, performance e passeio sonoro, que procuram alargar a discussão pública sobre a efemeridade e os usos da cidade.

A programação já está disponível no site e nas redes sociais da exposição. Paralelamente, ocorrerá mais um desdobrar da exposição no digital, através de uma residência artística "A cidade é a casa é a cidade é a casa" na RAUM: Plataforma de Residências Artísticas Online, desenvolvida pelos artistas André Banha, Bruno José Silva, Mariana Dias Coutinho e Pedro Lira > de 5 de Setembro a 18 de Outubro, disponível no site.

O programa paralelo da exposição pretende explorar, em maior profundidade, o seu núcleo: a relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os modos como habitamos os seus espaços.

Referem atividades físicas, mas também online. A cultura está preparada para responder aos novos desafios que impõem num contexto como o que vivemos?

O contexto do online vinha a ganhar lugar mesmo antes do espoletar da pandemia. Reconhecemos que as novas dinâmicas do olhar têm lugar na cultura, mas elas não podem ocupar um lugar privilegiado por colocarem em causa a ligação real entre o público e o contexto artístico. Receamos que privilegiar o online coloque em causa a relação íntima e o olhar atento de que tanto depende a contemplação artística.





Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/08/31/44432-a-cidade-e-a-casa-e-a-cidade-e-a-casa-ou-quando-a-arte-repensa-a-habitacao-em-plena#xts=582068&xtor=EPR-1062-%5Bnews_weekly_20200904%5D-20200904-%5Bm-04-titular-node_44432%5D-27037011@3

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