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Arco-íris continua a brilhar: as tendências do mercado residencial LGBTI

Os efeitos da Covid-19 refletem-se, também, neste segmento de mercado. Padrões de procura estão a mudar: querem-se casas com mais espaço e proximidade do mar ou rio.
24 jun 2020 min de leitura

Junho é o mês do orgulho. Assinala-se a defesa da igualdade e a liberdade na orientação sexual e identidade de género, ainda que este ano, por causa da Covid-19, as ruas não se pintem com as cores do arco-íris, como habitual. Os efeitos do surto e do confinamento refletem-se, também, no mercado imobiliário LGBTI, a nível dos padrões de procura e reavaliação das necessidades em termos de habitação. Lisboa e Porto continuam a ser os destinos preferidos para viver desta comunidade, destacando-se por ter alguns dos bairros mais inclusivos do país. Mas, afinal, quais são as tendências de mercado em tempos de pandemia? E quanto custa comprar ou arrendar casa nestas zonas arco-íris?

Em Lisboa, a zona do Príncipe Real continua a ser a zona LGBTI por excelência, e a concentrar a maior parte dos negócios vocacionados para a comunidade, segundo João Passos, consultor imobiliário na Remax e responsável pelo projeto “Lisboa Pride – homes for everyone”. Mas, e ainda segundo este profissional, o eixo Almirante Reis (Arroios, Penha de França), com zonas como o Mercado de Arroios/Alameda e Intendente, tem vindo a cimentar-se como alternativa ao Príncipe Real - que manteve preços altos e escassez de oferta -. Também Alcântara é cada vez mais uma opção (devido aos preços mais baixos, em comparação e à localização). Em paralelo, há novas zonas a ganharem destaque desde o rebentar da pandemia, como por exemplo a Charneca da Caparica, na Margem Sul do Tejo, face à proximidade à praia e da capital.

No Porto, o roteiro gay friendly identifica várias zonas e bairros tendência, nomeadamente o Bairro das Artes (Ruas de Cedofeita, Breiner, Torrinha, Bragas), Cordoaria, Leões, Passeio das Virtudes, e também Massarelos (Rio Douro), como sendo os locais mais procurados. Na experiência da LUXIMOS Christie's, segundo Sofia Barreto, Marketing and Communications Manager da imobiliária, quando falamos no mercado de luxo, a preferência vai claramente para zonas à beira do Rio Douro, que desde há vários anos se assume como foco de atração para estrangeiros. A responsável relembra, de resto, o programa gravado pela House Hunters Internacional (um dos mais famosos do mundo), em 2016, no Porto, que mostra como dois norte-americanos encontraram na Invicta a sua casa de sonho.

Comprar casa nas zonas mais LGBTI+ friendly de Lisboa e Porto

O idealista/news quis saber quanto custa comprar casa nas zonas arco-íris do país, em Lisboa e no Porto, comparando os períodos pré e pós-Covid-19, tendo como referência os preços médios por metro quadrado (m²) nos meses de fevereiro e maio deste ano, e respectiva variação.

Segundo os dados do idealista/data, a zona do Príncipe Real e circundantes (como Bairro Alto) continuam a ser as zonas mais caras para viver quando se quer ser proprietário. No Príncipe Real o preço médio de venda por m² em fevereiro de 2020 rondava os 6.738 euros, e caiu em maio de 2020 para os 6.688,45 euros (numa variação de -0,74%) No Bairro Alto, os valores passaram de 6.323,75 euros por m² em fevereiro, para os 6.172,54 euros por m², em maio – uma quebra de -2,39%.

No eixo Almirante Reis, as zonas de Arroios, Penha de França e Anjos apresentam-se como soluções mais acessíveis para se viver na capital, se comparadas com o Príncipe Real e Bairro Alto. Comprar casa em Arroios custava 4.585,71 euros por m² em fevereiro e, em maio, os valores caíram para 4.491,10 euros por m², numa uma variação de -2,06%. Na Penha de França e Anjos, por outro lado, os preços subiram de fevereiro para maio: de 3.658,85 para 3.684,69 euros por m² (+0,71%), e de 3.822,54 para 3.945,55 euros por m² (+3,22%), respectivamente.
 

Comprar casa nos bairros LGBTI de Lisboa e Porto

Preço médio por m² em maio e variação 

(evolução pré e pós Covid-19)



 

Em Alcântara, bairro de Lisboa perto do rio Tejo, os preços também subiram de fevereiro para maio, nomeadamente de 4.578,06 para 4.647,56 euros por m² (+1,52%). A zona mais barata para a comunidade LGBTI comprar casa fica efetivamente na margem sul do Tejo. Na Charneca da Caparica, em Almada, o preço médio por m² rondava os 1.821, 25 euros em fevereiro, tendo subido para os 1,876,99 euros por m² em maio.

Mais a norte, na região do Porto, os preços subiram ligeiramente em todas as zonas consideradas mais inclusivas, comparando os meses de fevereiro e maio, ou seja, numa cenário de pré e pós-pandemia. Na Cedofeita o preço médio por m² subiu de 3.298 euros em fevereiro, para 3.358,78 euros poe m² em maio, e em Massarelos os valores passaram de 3.205,57 euros por m² para 3.255,30 euros por m². A zona do centro histórico continua a ser, de resto, a mais cara: o preço médio por m² em fevereiro rondava os 4.456,27 euros e, em maio, subiu para os 4.546,46 euros por m² (+2,02%).

Arrendar casa nas zonas mais LGBTI+ friendly de Lisboa e Porto

E quanto custa arrendar casa nas zonas mais inclusivas da capital e da Invicta? Mais uma vez, e comparando o cenário pré e pós-Covid-19, tendo como referência os preços médios por m² em fevereiro e maio, registam-se diferentes variações, segundo os dados do idealista/data. Nas zonas mais caras de Lisboa para a comunidade LGBTI viver, nomeadamente no Príncipe Real e Bairro Alto, verificaram-se as quedas mais significativas: os preços caíram 8,3% no primeiro caso, e 17,58% no segundo, em termos de arrendamento.

 

No eixo Almirante Reis, em Arroios, o preço médio por m² caiu de 15,73 euros em fevereiro para 15,02 euros em maio e, nos Anjos, de 16,67 euros para 14,44 euros por m². Na Penha de França, por outro lado, houve um aumento de preços: em fevereiro o preço por m² situava-se nos 13,91 euros e, em maio, subiu para os 16,12 euros.
 

Arrendar casa nos bairros LGBTI do Porto e Lisboa

Preço médio por m2 em maio e variação (pré e pós-Covid-19)


 

Em Alcântara também se registaram subidas: o preço subiu de 14,15 euros por m² para 15,04 euros por m². Na Charneca da Caparica, a zona mais acessível para arrendar, neste conjunto, os preços rondavam os 9,32 por m² em fevereiro e aumentaram para 9,89 euros por m² em maio.

Na Porto, o comportamento das rendas também varia. No caso de Cedofeita, o preço médio por m² desceu de 11,65 euros para 11,31. Sucedeu-se o mesmo em Massarelos (zona junto ao rio Douro), com os preços a cairem, em fevereiro, de 10,75 euros para 10,43 euros por m². No centro histórico da cidade, por outro lado, o preço médio cresceu 10%: de 12,46 euros para 13,71 euros por m².

As tendências e o impacto da Covid-19: “mais espaço mais luz, e zonas exteriores”

De acordo com João Passos, o preços de compra/venda nas zonas mais inclusivas da capital mostram-se “relativamente estáveis, com alguma tendência para os compradores fazerem ofertas claramente abaixo do valor pedido, mas com os proprietários a não quererem negociar muito”. As ofertas, explica o consultor imobiliário especializado neste segmento de mercado, "sobem até valores que não são significativamente abaixo dos praticados antes da pandemia”. Nas zonas turísticas, contudo, a “pressão é maior” porque “sendo um mercado que vive muito de compradores estrangeiros e investidores (nacionais ou não) – para o mercado de AL – a redução grande do turismo (e a limitação nas viagens) está a ter impactos, com algumas descidas de preço e menos pedidos de visita”.

No mercado de arrendamento, analisa, “houve uma transferência grande” de imóveis que estavam a ser explorados em regime de Alojamento Local, nomeadamente vários no Príncipe Real, para o mercado de longa duração. “Obviamente, com o aumento da oferta, os preços baixaram. Em média, diria uns 20% abaixo, comparando com igual período do ano passado”, aponta o consultor.

O responsável indica também que houve uma “descida acentuada da procura por estrangeiros, e descida muito menos acentuada da procura por nacionais/residentes”, mas destaca que na sua imobiliária foram “contactados por vários potenciais clientes estrangeiros, cujos planos são virem em 2021 para comprar”. João Passos sublinha, também, uma nova tendência, nomeadamente o facto de se verificar cada vez mais um aumento da procura de casas fora de Lisboa, até 45 min/1 hora de distância, com áreas exteriores, muitas vezes para residência principal.

“Tenho assistido a um maior interesse na compra, do que anteriormente. Penso que as pessoas procuram nesta fase alguma estabilidade, a segurança de um investimento seguro (a médio/longo prazo) como é o imobiliário e o facto dos bancos continuarem a emprestar dinheiro com taxas muito baixas. Claro que o facto de terem passado tanto tempo fechadas em casa obrigou a um reavaliar das necessidades em termos de habitação para muita gente. O desejo de todos os portugueses neste momento é mais espaço (muitos clientes precisam agora de ter uma área de trabalho em casa), mais luz, e zonas exteriores (boas varandas, terraços, pátios ou jardins)”partilha com o idealista/news.

Sofia Barreto, da LUXIMOS Christie's, e no que diz respeito aos preços, acredita que o facto de o centro do Porto se encontrar muito inflacionado acabou por prejudicar este mercado (neste caso, de luxo), segundo a qual, nos próximos meses, vai assistir a uma correção em baixa. Confirma, de resto, tal como em Lisboa, que já é visível um aumento da oferta, especialmente de imóveis que se encontravam em AL, algo que também poderá dar origem, mais uma vez, a uma correção de valores.

Por sua vez, Paulo Sousa, gerente da agência ERA Porto Baixa, não conseguindo perspetivar a evolução de preços na generalidade dos segmentos de mercado, garante que, para já, os proprietários ainda estão a conseguir “aguentar” os valores, ainda que neste momento não haja procura, e que a que existe é para oferecer um valor abaixo do preço do que estava a ser pedido.

 

 

 
Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/06/25/43767-arco-iris-brilha-cada-vez-mais-longe-as-novas-tendencias-do-mercado-residencial-da
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