Bolha imobiliária? Especialistas afastam cenário e antecipam contenção de preços

27 ago 2018 min de leitura

Os preços das casas estão em máximos de quase uma década e têm sido várias as entidades oficiais (Banco de Portugal, CMVM e FMI) a alertar sobre os impactos desta evolução. Mas quem está no dia a dia a fazer negócio no mercado imobiliário rejeita que exista, de momento, uma bolha imobiliária em Portugal. E fala-se já numa contenção de preços a partir do próximo ano. 

Os argumentos para rejeitar uma bolha

A RE/MAX, por exemplo, apoia-se nos dados recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para declarar taxativamente que não existe uma bolha”imobiliária em Portugal.

O preço médio do m2 na avaliação bancária (apartamentos e moradias) em Portugal cresceu 5,5% entre abril de 2017 e abril de 2018 em comparação com período homólogo, um crescimento que a rede de mediação imobiliária considera "moderado", argumentando que este indicador aumentou apenas 1,4% no concelho de Lisboa nesse período (concretamente de 2.095€/m2 para 2.125€/m2).

Manuel Alvarez, presidente da RE/MAX citado em comunicado, considera assim que “no mercado atual há um equilíbrio de mais-valias para todos os intervenientes, ou seja, o comprador sabe que terá ganho no futuro, o proprietário consegue fazer um bom negócio e a banca continua a ceder crédito porque, ao subirem suavemente, os preços garantem um melhor empréstimo”.

Segundo o responsável, os preços no concelho de Lisboa tiveram um forte crescimento em 2015 e 2016 e agora começaram a conter-se, sendo que no concelho do Porto ainda não se atingiu esse ponto e, neste período, o preço médio do m2 aumentou 11,3% (de 1.514€/m2 para 1.685€/m2) e "vão começar a conter-se tal como aconteceu na capital". 

Banca partilha ponto de vista das imobiliárias

Esta mesma visão é partilhada pelo novo presidente executivo do BCP. Miguel Maya admite que "há uma procura quente" em algumas tipologias e localizações de imóveis de financiamento para a compra de casa, mas rejeita a ideia de existir uma bolha no mercado imobiliário, garantindo ainda que o "banco é prudente".

Por seu lado, António Vieira Monteiro, presidente executivo do Santander em Portugal, admite que "estamos numa situação de grande aquecimento no mercado", mas considera que “é cedo demais” para dizer se há uma bolha no mercado imobiliário português. Argumenta que os preços das casas também já subiram na periferia, deixando de haver a diferenciação que existia face aos centros das cidades.

Já Francisco Horta e Costa, diretor-geral da CBRE, recorda que "a base de partida é relativamente baixa e, de facto, não estávamos habituados a ver Lisboa com preços um bocadinho mais à escala europeia", declarando em entrevista ao Jornal de Negócios, que "se queremos que Lisboa seja uma cidade europeia em toda a sua extensão, temos que nos começar a habituar que, de facto, os preços não iriam ficar para sempre iguais ao que foram, especialmente durante a crise que nos afetou tanto e durante tanto tempo".

Perfil de comprador influi na análise

No entender deste especialista, para controlar os preços "é preciso trabalhar do lado da oferta". Horta e Costa, afirmando que "não considero que há uma bolha", explica que "considero que há uma bolha quando começamos a ver produção de apartamentos ou casas em massa, em zonas onde não havia nada e esses apartamentos a serem comprados por pessoas que não têm esse poder de compra"

Hoje em dia, e nos últimos anos, de acordo com o responsável "o mercado tem sido muito mais caracterizado por investidores de capital próprio. Além disso, por um lado, os bancos são muito cautelosos, os investidores também são, por outro lado, e há aqui uma série de variáveis que fazem com que a percepção de redução de risco do investimento em Portugal hoje não seja tão artificial e seja muito mais consistente".


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