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Braga entre as melhores cidades da Europa para se viver - e ser feliz

Estudo da Comissão Europeia analisa a qualidade de vida em 83 cidades do velho continente. O ADN português destaca-se neste ranking.
30 out 2020 min de leitura

Os moradores mais felizes da Europa vivem nas cidades de Copenhaga, na Dinamarca, e em Estocolmo, na Suécia, de acordo com o mais recente estudo da Comissão Europeia, “Report on de Quality of Life in European Cities 2020”, que analisa, entre várias coisas, as percepções dos residentes sobre diferentes aspectos da vida pessoal, como a satisfação com o bairro onde moram, segurança, acesso a habitação e emprego, cuidados de saúde ou transportes. As duas cidades nórdicas parecem em primeiro lugar, entre as 83 urbes avaliadas, com cerca de 98% dos seus residentes a mostrarem-se muito satisfeitos por morarem naqueles locais. Mas há também uma cidade portuguesa a “brilhar” neste ranking. Braga figura no top 10 da “felicidade”, ao lado de Zurique, Gdańsk, e Oslo, com cerca de 97% dos residentes a dizerem-se muito satisfeitos com a vida nas suas cidades.

Nove em cada dez pessoas que vivem em cidades europeias estão satisfeitas por morar nesses locais, mas toda a regra tem, claro, uma exceção. Os habitantes de Ancara, Roma, Nápoles, Belgrado, Palermo, Atenas ou Istambul, figuram no top 10 das cidades onde os cidadãos se dizem menos satisfeitos com a qualidade de vida. O estudo revela, de resto, várias discrepâncias entre cidades pertencentes ao mesmo país. As maiores diferenças dentro de um país são observadas na Itália, Turquia e Grécia.

Na Itália, as percentagens de residentes satisfeitos com a cidade onde moram variam entre 93% em Bolonha e 64% em Palermo, uma diferença de 29 pontos percentuais (pp). Apenas 66% das pessoas que vivem em Istambul estão satisfeitas, em comparação com 91% das pessoas que vivem em Antalya. As duas cidades gregas do estudo pontuam, por exemplo, abaixo da média geral, com a menor percentagem encontrada em Atenas (64%), e a maior em Heraklion, onde 82% dos residentes estão satisfeitos.

TOP 10 (Satisfação dos moradores)
Cidades Pontuação
Copenhaga  98%
Estocolmo 98%
Zurique 97%
Gdańsk 97%
Braga 97%
Oslo 97%
Hamburgo 97%
Rennes 97%
Cardiff 97%
Tyneside conurbation 97%

Cidades menores, cidades mais felizes

Na generalidade, segundo o estudo, as cidades não capitais (91%) têm uma pontuação mais alta do que as capitais (87%). “Embora as capitais possam oferecer mais oportunidades de emprego e comodidades, também são vistas como fornecedoras de serviços públicos de qualidade inferior e oportunidades de habitação menos acessíveis”, lê-se no relatório.

“Em países mais desenvolvidos, a felicidade ou o bem-estar subjetivo são frequentemente maiores em cidades menores do que em cidades grandes. Este estudo mostra que a satisfação com uma cidade diminui com o seu tamanho. Cerca de 90% das pessoas que moram numa cidade com menos de 1 milhão de habitantes estão satisfeitas em morar nessa cidade. Um número que cai para 87% nas cidades com uma população entre 1 e 5 milhões”, lê-se ainda.

A capacidade de conciliar o trabalho com compromissos pessoais e familiares é importante no bem-estar das pessoas e a dificuldade em encontrar esse equilíbrio poderá explicar a menor satisfação verificada em residentes com idade para trabalhar (88%) em comparação com os que têm entre 15 e 24 anos (91%) ou com quem tem mais de 55 anos (90%).

Bom Jesus do Monte, Braga / Photo by Rui Sousa on Unsplash
Bom Jesus do Monte, Braga / Photo by Rui Sousa on Unsplash

Custo da habitação continua a ser um problema

"Em toda a UE, em 2018, 4% da população sofria de privação severa de habitação e 10% da população vivia em agregados familiares sobrecarregados pelos custos da habitação. Os recentes bloqueios devido à pandemia da Covid-19 destacam o impacto que a qualidade da habitação tem na saúde física e mental", sublinha o relatório. A verdade é que encontrar habitação acessível na maioria das capitais continua a ser difícil, segundo o estudo da Comissão Europeia.

As pessoas que vivem em cidades no sul da UE e nos Balcãs Ocidentais têm maior probabilidade de afirmar que é fácil encontrar uma boa moradia a um preço razoável do que aqueles que vivem em cidades no oeste e norte da UE e países da EFTA - European Free Trade Association ."Em praticamente todas as cidades no sul da UE e nos Balcãs Ocidentais, pelo menos 50% dos residentes mostram-se positivos quanto à disponibilidade, qualidade e custo de habitação, em comparação com menos de 35% nas outras regiões"

As opiniões positivas sobre a habitação são significativamente maiores nas cidades não capitais (44%) do que nas capitais (31%). "O grau de variabilidade dentro do país é muito alto e principalmente devido à baixa pontuação nas capitais", refere o estudo. Os cinco países com a maior diferença em p.p entre as cidades com melhor e pior desempenho são a Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, Alemanha e Portugal - com 47 p.p de diferença entre Lisboa e Braga.

Mais segurança a norte - e sul destaca-se pela negativa

A segurança é um dos maiores motores de bem-estar e felicidade. Pessoas que se sentem seguras tendem a estar mais satisfeitas com a sua vida. “A confiança pode ajudar a criar laços sociais mais fortes, que facilitam a cooperação e a felicidade. Indivíduos que vivenciaram o crime ou temem o crime tendem a envolver-se menos em atividades ao ar livre e a relatar níveis mais altos de angústia e níveis mais baixos de bem-estar”, lê-se no relatório, que cita vários autores para justificar esta ideia.

A verdade é que, em termos de segurança, as cidades do sul da Europa ficam para trás, se comparadas com as cidades nórdicas: quatro das dez cidades com melhor desempenho estão no norte da UE, enquanto três das seis cidades italianas abrangidas pelo estudo (Palermo, Nápoles e Roma) aparecem num últimos dez lugares. Nas cidades da UE ocidental e oriental, a proporção de residentes que se sentem seguros é de 75% e 72%, respetivamente.

Oviedo, Braga e Málaga apresentam uma elevada percentagem de residentes que se sentem seguros (85% ou mais), muito acima da média das cidades do sul da UE. Białystok, Ljubljana ou Cluj-Napoca também pontuam muito mais do que outras cidades do leste da UE. Marselha e Liège, pelo contrário, pontuam muito abaixo da média da cidades do oeste.

Em alguns países, a sensação de segurança difere substancialmente entre as cidades. Em França, por exemplo, a proporção de residentes que relatam sentir-se seguros ao caminhar à noite varia de 46% em Marselha a 82% em Bordéus. Diferenças significativas entre as cidades de um mesmo país também são registadas na Grécia, Bulgária, Itália, Bélgica e Turquia. Em Heraklion, 72% dos residentes sentem-se seguros em comparação com 38% em Atenas. Da mesma forma, em duas cidades da Turquia, os números são de 50% em Istambul e 81% em Antalya.

Imigrantes e comunidade LGBTI: quem é mais inclusivo?

A edição deste ano também trouxe novidades ao nível de estudos de inclusão, nomeadamente sobre os melhores locais para imigrantes e para a comunidade LGBTI. Segundo o estudo, três em cada quatro residentes (75%) disseram que a sua cidade era um bom lugar para pessoas de outros países viverem. Na UE, as cidades ocidentais têm o melhor desempenho (81%) e as do leste a pontuação mais baixa, com apenas dois em cada três residentes a concordar que a sua cidade é um bom lugar para os imigrantes morarem (65%). Já em todas as cidades espanholas e portuguesas, pelo menos 87% dos residentes percebem as suas cidades como bons locais para viverem, bem acima da média do sul da UE (77%)

Oito em cada dez residentes (78%) consideram a sua cidade como um bom lugar para gays e lésbicas viverem. No entanto, as opiniões diferem entre as cidades. Em Glasgow, praticamente todos consideram a cidade um bom lugar, enquanto em Ancara apenas uma em cada cinco pessoas pensa assim. Existe uma grande discrepância entre a UE (81%) e o Reino Unido (94%), por um lado, e a Turquia e os Balcãs, por outro (37%). As cidades do leste da UE tendem a ter uma pontuação mais baixa (68%), algumas até abaixo de 50% - em alguns casos na Polónia e Roménia.

Ainda há trabalho a ser feito - especialmente naqueles lugares onde menos de 50% da população considera a sua cidade um bom lugar para as minorias viverem.

Elisa Ferreira, comissária europeia da Coesão e Reformas

As cidades são consideradas acolhedoras com mais frequência do que o país como um todo, tanto para imigrantes (7% pontos a mais que o país) como LGBTI (14% pontos). Ainda há trabalho a ser feito - especialmente naqueles lugares onde menos de 50% da população considera a sua cidade um bom lugar para as minorias viverem. Mas acredito que as cidades pode abrir o caminho para uma sociedade mais inclusiva”, escreve a portuguesa Elisa Ferreira, comissária da Coesão e Reformas, no prefácio do estudo.





Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2020/10/21/44988-braga-entre-as-melhores-cidades-da-europa-para-se-viver-e-ser-feliz#xts=582068&xtor=EPR-1059-%5Bnews_daily_20201022%5D-20201022-%5Bm-02-titular-node_44988%5D-27037011@3

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