Crise profunda no imobiliário e construção? Argumentos para mostrar que não...

Análise de Nuno Pereira da Cruz Managing Partner da CRS Advogados para o idealista/news
05 mai 2020 min de leitura

Mark Twain, em 1897, foi anunciado como morto pela imprensa, enquanto na verdade permanecia vivo. Será que agora, em relação ao mercado imobiliário em Portugal - no âmbito da atual crise gerada pela pandemia do coronavírus - se está a passar por estes dias exatamente o mesmo? Apresentamos uma análise que visa responder a esta pergunta, feita pelo advogado Nuno Pereira da Cruz, Managing Partner da CRS Advogados, preparada para o idealista/news. 

Argumentos em jeito de peça processual (quesitos)

1.º

Esta crise não é comparável a 2008, pois não é provocada por falta de liquidez ou por uma bolha especulativa.

2.º

Os promotores imobiliários de hoje estão menos expostos à banca e mais capitalizados,

3.º

Vendem a maior parte dos seus empreendimentos ainda em projeto e nas primeiras fases da construção,

4.º

Ou seja, serão poucos os projetos em construção que correm o sério risco de ficarem pendurados e de terem que ser entregues aos bancos.

5.º

Verdade que muitas transações estão a ser adiadas pela própria limitação imposta por estes tempos, mas não canceladas.

6.º

Contudo, Portugal continua no radar dos investidores estrangeiros, tendo sido recentemente anunciado pela Forbes como o país a investir após o Covid-19.

7.º

Mais, a forma como a imprensa internacional tem anunciado o sucesso português no combate ao coronavírus só torna o país mais atrativo, quase como um “safe-haven”.

8.º

Melhor, a construção civil não parou durante o Estado de Emergência,

9.º

As empreitadas prosseguiram sem parar, embora com alguns percalços que possam ter surgido nalguma obra, mas continuaram.

10.º

Em contexto profissional, continuamos a receber contactos para o Golden Visa e durante estes dois meses (março e abril de 2020), em pleno contexto de pandemia, avançámos com novos processos.

11.º

Temos vários clientes, entre eles a MAP Engenharia (construtora), que celebrou novos contratos de empreitada neste contexto.

12.º

Os nossos clientes que têm projetos à espera de licenças o que mais querem é que sejam aprovados e rápido,

13.º

Até porque o ciclo da construção é longo (2 a 3 anos).

14.º

Logo, mesmo com um arrefecimento do sector neste ano e no próximo, tal não inviabiliza o arranque dos novos projetos.

15.º

Aliás, o colapso das bolsas e a manutenção de taxas de juro baixas só reforça a ideia de que o imobiliário é um bom investimento.

16.º

E, por último, recordando as declarações do José Cardoso Botelho (Vanguard Properties)  também eu sinto uma grande vitalidade em todos os meus clientes promotores imobiliários.

Assim, claro que haverá abrandamento do mercado e certo de que teremos uma recessão em 2020. Mas também é verdade que o setor hoje é composto por 'players' mais bem preparados e sofisticados.

Só falta o governo perceber que tem de voltar a dar os incentivos corretos para que o mercado se mantenha e ajude a relançar rapidamente toda a economia.





Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/especiais/covid-19/2020/04/30/43209-crise-profunda-no-imobiliario-e-construcao-argumentos-para-mostrar-que-nao

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