Espaço, espaço, espaço... o fator que está a fazer subir os preços das casas na pandemia

Procura por casas com mais espaço, interior e exterior, está a impactar a evolução dos custos dos imóveis residenciais, segundo uma análise do idealista.
30 mar 2021 min de leitura

Os preços das casas, ainda que menos do que em anos anteriores, continuaram a aumentar em 2020, em termos médios, no país - e a tendência de subida deverá manter-se este ano. E o que explica este fenómeno num contexto de crise económica gerada pela Covid-19? A pandemia e os confinamentos trouxeram novas necessidades em termos habitacionais, gerando um aumento da procura por casas com mais espaço, interior e exterior. E o espaço é exatamente o fator que mais impacto está a ter na evolução dos custos dos imóveis residenciais, tal como mostra a análise do idealista.

As penthouses têm sido as "rainhas" deste período em que se identificaram novas prioridades habitacionais, tornando-se 9,3% mais caras num ano. O preço por metro/quadrado (m²) das coberturas passou de 3.121 euros em dezembro de 2019 para 3.411 euros no final de 2020, evidenciando o interesse pelo tipo de comodidades que costumam oferecer estes apartamentos: boa divisão de espaços - permitindo melhor conciliação familiar com teletrabalho; terraços e vistas desafogadas.

Mas não só. Ao analisar os dados fornecidos pelo idealista/data (com base nos anúncios de imóveis residenciais à venda publicados no portal em 2020), pode constatar-se que o preço dos apartamentos em geral com terraço, moradias e quintas também aumentou – mais uma vez, trata-se de tipologias que se distinguem por terem mais espaços ao ar livre e jardins, que funcionam como balões de oxigénio, e que se têm revelado fundamentais durante o confinamento - ontem novamente prolongado em Portugal.

Os apartamentos com terraço tornaram-se 7,3% mais caros num ano, passando de 2.549 euros para 2.734 euros por m². Nas moradias, o mesmo cenário, registando-se uma variação anual de 7%, com o preço do m² a passar de 1.457 euros por m² em dezembro de 2019 para 1.559 euros por m² em dezembro de 2020. As quintas também ficaram 6,2% mais caras, com o preço do m² a subir de 1.339 para 1.422 euros por m². Um comportamento que se mostra alinhado com as novas tendências de mercado, tal como pudemos constatar neste artigo publicado em nosso site sobre as casas mais procuradas em tempos de pandemia.

“Desde o início da pandemia, percebemos que os preços no mercado residencial de venda não baixaram, pelo contrário, de um modo geral, subiram ligeiramente. A procura por imóveis com mais espaço, seja inteiro ou interior, aumentou consideravelmente, e os preços seguiram essa tendência crescente, especialmente quando analisamos imóveis com características específicas, como terraços e jardim. Analisar a procura é essencial para perceber as variações na oferta", aponta Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.

Tipologias Dez-19 (preço/m²) Dez-20 (preço/m²) Variação
1 ano (%)
Apartamentos penthouse              3.121              3.411 9,3%
Apartamentos com terraço              2.549              2.734 7,3%
Moradias              1.457              1.559 7,0%
Quintas              1.339              1.422 6,2%
Apartamentos com jardim mas sem piscina              2.125              2.245 5,6%
Apartamentos sem quartos (T0)              3.680              3.860 4,9%
Apartamentos com 3 quartos (T3)              2.169              2.261 4,3%
Apartamentos com elevador              2.603              2.703 3,9%
Apartamentos sem elevador              2.112              2.186 3,5%
Apartamentos com 1 quarto (T1)              3.135              3.232 3,1%
Apartamentos com jardim e piscina              2.897              2.977 2,7%
Apartamentos duplex              2.646              2.714 2,6%
Apartamentos com 2 quartos (T2)              2.404              2.459 2,3%
Apartamentos com 4 ou mais quartos (T4+)              2.904              2.893 -0,4%

Os preços subiram na generalidade das tipologias, e há um dado curioso, que importa destacar. O valor por m² subiu, num ano, cerca de 4,9% nos apartamentos sem quartos (T0), de 3.680 para 3.860 euros por m². Em muitos dos casos este tipo de casas corresponde a lofts e openspaces, uma tipologia cada vez mais procurada por millennials, nacionais e estrangeiros, bem como por altos quadros de profissionais que vêm trabalhar para Portugal, sem família, por exemplo, e que estão à procura de um espaço deste tipo para ficar durante períodos mais curtos de tempo e que podem explicar esta tendência. Não são necessariamente espaços pequenos, mas produtos “trendy”e bem localizados.

Os apartamentos com 4 ou mais quartos foram os únicos a registar uma quebra de preço. O valor por m² caiu 0,4%, de 2.904 para 2.893 euros, algo que poderá estar relacionado com o próprio perfil de compradores deste tipo de casas, que dará preferência, neste caso, às moradias – tendo em conta que poderá beneficiar de áreas relativamente iguais, com vários quartos, mas com o benefício de ter um jardim ou espaço ao ar livre.

Os dados fornecidos pelo idealista/data revelam ainda uma outra diferença, particularmente interessante, no que às subidas de preços diz respeito. Os apartamentos com jardim mas sem piscina viram o preço por m² subir mais que os apartamentos com jardim e piscina: no primeiro caso, os valores subiram 5,6%, (de 2.125 para 2.245 euros por m²) e, no segundo, 2,7% (de 2.897 para 2.977 euros por m²). Uma tendência que estará relacionada com o fato de uma casa com piscina significar mais custos de manutenção, no futuro, que uma casa só com jardim e espaço ao ar livre.





Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2021/02/26/46415-espaco-espaco-espaco-o-fator-que-esta-a-fazer-subir-os-precos-das-casas-na-pandemia

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