Imobiliário nacional visto à lupa pela CE: o que motiva a subida e como vão evoluir os preços.

12 nov 2018 min de leitura

O mercado imobiliário português - devido à escalada de preços e à dificuldade crescente das famílias adquirirem um imóvel para viver - precisa de ser monitorizado, mas ainda não há uma bolha imobiliária, diz Bruxelas. Em causa está uma correção de valorizações baixas no passado, que não indicia a acumulação de desequilíbrios, provocada pelo boom do turismo e o investimento estrangeiro. 

“Os preços das casas aumentaram 12,2% no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, acelerando face aos 9,2% em 2017″, aponta a Comissão Europeia (CE) na oitava avaliação pós-programa, destacando que as transações cresceram 15,7% em volume e 25,7% em termos de valor. 

Afinal o que provoca a subida de preços?

Segundo Bruxelas, esta é a explicação para tudo: “A indústria do turismo e o investimento dos estrangeiros está a puxar pelos preços, em particular nas cidades de Lisboa e Porto onde a subida dos preços está bem acima da média”, assinalando em particular que 15 mil residentes não habituais foram atraídos ao país por incentivos financeiros, como os vistos gold ou benefícios fiscais do Regime de Residente Não Habitual (RRNH).

Mas "o rápido aumento da utilização de plataformas de arrendamento de curta duração [como o Airbnb] e a expansão das rotas das companhias aéreas low cost”, que estão na base deste fenómeno de crescimento do turismo está “a puxar pelos preços não só nas zonas mais turísticas, mas também nos bairros residenciais, com impacto na capacidade de as famílias comprarem casa, particularmente as que têm menores rendimentos”.

Além do turismo e do investimento estrangeiro, Bruxelas aponta as “ineficiências” geradas pelo “quadro regulatório”, referindo, por exemplo, que os proprietários enfrentam “problemas como o não pagamento de rendas e os procedimentos lentos para se fazerem cumprir os contratos”. 

E estima que cerca de 12% do stock habitacional esteja subutilizado devido a vários factores", desde necessidades de reabilitação, disparidades ao nível das rendas praticadas ou falhas de mercado.

NGPH meritório, mas insuficiente para corrigir problemas 

A Comissão reconhece que o governo está a fazer esforços para corrigir algumas destas ineficiências, nomeadamente, através do pacote Nova Geração de Políticas de Habitação anunciado em abril de 2018, com medidas que visam proteger os mais desfavorecidos, apostando na habitação social e nos incentivos fiscais ao arrendamento de longo prazo.

No entanto, nota que continua a haver um clima de crispação social entre senhorios e inquilinos, existindo o risco de haver cada vez menos casas para arrendar (e menos investimento no setor) porque entre alguns proprietários sentem que a lei está a favorecer mais os inquilinos, observa o estudo.

Novos projetos imobiliários na calha vão estabilizar preços

A CE está confiante de que a subida dos preços das casas vai, “gradualmente, abrandar a médio prazo”, graças aos sinais de dinamismo que o setor da construção começa a mostrar, com novos projetos imobiliários a florescer, seja de obra nova ou reabilitação.

 “A recuperação da construção deverá adicionar oferta” no mercado imobiliário, mas “essa só será visível em 2019 já que muitos dos projetos ainda estão em carteira e não terão impacto imediato no mercado”.

Enquanto não chegam mais casas ao mercado, o preço dos imóveis deverá superar, novamente, o teto de 6% acima da inflação. “Será o terceiro ano consecutivo em que supera esse teto”, estima a Comissão.

Desta forma, a dinâmica de preços – a par do aumento acentuado do número de transações e dos valores totais envolvidos - exige uma monitorização mais apertada".Isto porque "uma potencial correção teria impacto negativo na avaliação dos ativos da banca", sendo que a subida dos preços está a acontecer num contexto de quebra do stock de crédito à habitação (o saldo tem recuado, apesar do forte aumento nos novos empréstimos para a compra de casa).




Fonte: site Idealista - https://www.idealista.pt/news/imobiliario/habitacao/2018/09/05/37269-mercado-imobiliario-visto-a-lupa-pela-ce-o-que-motiva-a-subida-e-como-vao-evoluir-os#xts=410875&xtor=EPR-32-%5Bpassa_por_aqui_20180905%5D-20180905-%5Bm-01-titular-node_37269%5D-27037011@3

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