Imobiliário: procura abranda e preços suavizam

O mercado abrandou desde o início de março, há visitas canceladas, pedidos de adiamento de contratos e os agentes preveem uma suavização nos preços.
17 abr 2020 min de leitura
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19, como é oficialmente designado) já se faz sentir na procura de imóveis. O mercado abrandou desde o início de março, há visitas canceladas, pedidos de adiamento de contratos e os agentes preveem uma suavização nos preços. Mas esta crise não será comparável há de 2008, acreditam.

“Mais que uma retração, o que está a vir é uma suspensão”, os investidores “estão a aguardar que a situação se normalize para voltar”, considerou esta tarde Ricardo Sousa, CEO da Century 21, na conferência “O impacto do Covid-19 no mercado imobiliário”, uma organização da Vida Imobiliária e da Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários.


A Century 21, que registou o melhor fevereiro de sempre, verificou logo no início de março “cancelamentos de visitas, sobretudo do mercado internacional, e algumas aquisições que foram suspensas, mas não anuladas”, frisou Ricardo Sousa. Na sua opinião, os investidores “estão a aguardar que a situação se normalize para voltar”. “Não acreditamos que seja uma crise igual a 2008”, disse.

Para Pedro Vicente, administrador da Habitat Invest, o surto de coronavírus “pode conduzir a uma suavização dos preços, que já se vinha sentindo, e a uma diminuição da velocidade a que se estava a vender”.


Cautela no setor

Já Cardoso Botelho, diretor da Vanguard Properties, reconheceu que “alguns clientes da Ásia – três ou quatro – pediram para cancelar as visitas e outros pediram para adiar a assinatura do contrato”. Ainda assim, o responsável é da opinião de que o segmento premium, no qual opera a Vanguard, “está relativamente bem posicionado nesta fase de incerteza”.

Para Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), o momento é de “serenidade cautelosa”. Na sua opinião, “a promoção imobiliária está mais profissionalizada que há 10 anos e em termos financeiros mais apta a reagir”.

Também Cardoso Botelho considerou que os tempos não são iguais. Num cenário de crise do setor imobiliário “há um menor risco sistémico de contaminação da banca portuguesa”, até porque “os bancos são mais criteriosos na concessão de crédito”, disse.

Apesar de reconhecer que “as empresas estão mais bem preparadas para um impacto deste tipo”, Pedro Vicente alertou que “seguem descapitalizadas e extremamente dependentes do investimento estrangeiro”. Para o responsável, o fim dos ‘golden visa’ vai “colocar Portugal numa enorme fragilidade e pode comprometer o investimento estrangeiro”.

Hugo Santos Ferreira lembrou que o turismo vai sofrer “quedas acentuadíssimas” e, nesse campo, o alojamento local. O responsável apontou que uma das soluções para os proprietários destas unidades é o segmento de arrendamento de longa duração, embora reconhecendo que “dada a imprevisibilidade do ponto de vista legal e fiscal veja com ceptismo os investidores a virarem-se para este segmento”.
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