Mulheres têm mais influência do que homens na compra de imóveis, revela pesquisa

Levantamento mostra que 21% das entrevistadas decidiram sozinhas sobre a compra seus imóveis, ante 12,4% dos homens; coletivo de mulheres sugere campanhas imobiliárias mais focadas nelas e linhas de crédito exclusivas para público feminino.
03 set 2020 min de leitura

Uma pesquisa feita pela empresa Behup constatou que é mais comum mulheres decidirem sozinhas, sem de influência cônjuges ou parceiros (as), sobre a compra de imóveis do que homens. No levantamento, 21% das entrevistadas mulheres relataram que decidiram sobre seus imóveis sem a opinião do companheiro (a), ante apenas 12,4% dos homens que relataram o mesmo. Além disso, 15% das mulheres relatam que seus companheiros (as) não ajudaram em nada no processo de escolha do imóvel enquanto, para os homens, esse número foi de 6,8%. A opinião de cônjuges e companheiros (as) foi a mais importante para 49,6% das mulheres. Já para os homens, a influência de cônjuges e parceiras (os) foi a mais importante em 62,1% dos casos. 

 
Mulheres têm mais influência do que homens na compra de imóveis, revela pesquisa (Foto: Getty Images)
 

A pesquisa foi encomendada à Behup pelo grupo “Mulheres do Imobiliário”, e entrevistou 1835 pessoas, sendo 50% homens e 50% mulheres das classes A e B de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. Para as criadoras do “Mulheres do Imobiliário”, os resultados mostram que o poder de decisão e influência das mulheres na compra de um imóvel precisa ser levado em conta por imobiliárias e construtoras que, afirmam, não enxergam todo o potencial do público feminino como consumidoras de casas e apartamentos. A partir dos dados levantados, o grupo sugere criação de campanhas imobiliárias específicas e também linhas de crédito apenas para mulheres.



Além da influência na compra, o levantamento revela também outros comportamentos interessantes: 54,9% das entrevistadas mulheres afirmaram que preferem buscar imóveis via imobiliárias e construtoras, ante 46,6% dos homens. A pesquisa também mostra que, em geral, as mulheres pesquisam mais antes da visitação de um imóvel, indo pessoalmente a bem menos locais do que homens. Inclusive, 28% das participantes afirmaram que já compraram um imóvel após uma única visita, enquanto apenas 17% dos homens relataram o mesmo. “Em geral, o que vemos é que a mulher é mais detalhista e busca mais informações já nas primeiras etapas do processo. Elas também têm preocupações mais abrangentes, buscam muito mais informações e, por isso, não têm a necessidade de fazer tantas reuniões e visitas”, diz Lia Meger, empreendedora e arquiteta co-fundadora do “Mulheres do Imobiliário”.

Outra diferença de comportamento relevante é a valorização da localização, que ocorre por motivos diferentes para os gêneros. Enquanto homens consideram bem localizados imóveis próximos a estações de trem e metrô, elas valorizam mais a facilidade de movimentação como pedestres e a presença de áreas verdes.     

Mulheres têm mais influência do que homens na compra de imóveis, revela pesquisa (Foto: Getty Images)
Mulheres têm mais influência do que homens na compra de imóveis, revela pesquisa (Foto: Getty Images)

Mas, apesar de a influência das mulheres ser maior na decisão a respeito da compra, quem efetivamente paga pelo imóvel acabam sendo, em geral, os homens: 47,8% dos entrevistados afirmaram que compraram um imóvel usando principalmente recursos próprios, enquanto para as mulheres esse número é de 35,3%. Outra parcela de mulheres (21,1%) relatam que compraram um imóvel usando tanto suas próprias economias quanto as do parceiro (a) e 16,5% afirmam que compraram o imóvel principalmente com as economias do companheiro (a). Apesar de os dados confirmarem que, em geral, os homens ainda detêm maior poderio econômico, o grupo por trás da pesquisa afirma que eles também mostram que as mulheres vêm, aos poucos, se empoderando cada vez mais neste sentido.
 

“O mais importante [desta pesquisa] foi trazer, em números, o quanto a mulher impacta na decisão de compra do imóvel. Essa era uma necessidade que queríamos validar como grupo, porque toda a cadeia de valor do mercado imobiliário, no final do dia, é sobre a venda. Então precisávamos mostrar um número que tem impacto direto no bolso das imobiliárias, senão não iam nos escutar”, diz Elisa Tawil, empreendedora e também co-fundadora do “Mulheres do Imobiliário”.

“O que percebemos é que o mercado imobiliário não está direcionado [para o público feminino] e, se estivesse, os números de vendas poderiam ser potencializados. Por exemplo: a mulher prefere estar assessorada por um corretor, e isso é um dado importante para criar uma campanha de marketing direcionada” explica Renata Botelho, arquiteta co-fundadora do grupo. “Eu também já atuei com mercado de interesse social nos últimos anos e, com relação às demais classes sociais [lembrando que a pesquisa teve como foco classes A e B], a situação também se assemelha na questão da tomada de decisão, com homens consultando mais as mulheres, e elas fazendo mais questionamentos. [Mas] as construtoras também não têm esse olhar diferenciado da mulher como consumidora em potencial. É algo sem diferenciação, tanto na venda quanto no marketing”.
 

Para Elisa Tawil, a partir dos dados coletados, é possível pensar também em iniciativas mais ousadas para que mulheres tenham cada vez mais poder de compra de imóveis, como a criação de linhas de crédito específicas. “Se a mulher é a principal influência na decisão de compra do imóvel, e se ela já compra seu imóvel com suas economias, por que não uma linha de crédito diferenciado para mulheres? Nós estamos indo atrás disso.”

Pandemia e poder financeiro

No entanto, os dados também indicam que as mulheres podem estar em uma posição economicamente mais frágil do que os homens devido à pandemia: elas apresentam índices de preocupação cerca de 15 pontos acima dos homens com relação à manutenção de sua renda. Isso significa que elas têm mais medo de perder o emprego devido à pandemia, algo que pode ser explicado pela já existente diferença salarial e pela jornada dupla ainda mais potencializada com o isolamento social.
 

Mulheres do Imobiliário

O grupo “Mulheres do Imobiliário” foi fundado há cerca de 1 ano por Renata Botelho, Elisa Tawil e Lia Meger. O desejo de criar o grupo surgiu a partir da falta de representatividade feminina em cargos de liderança observada pelas três dentro do setor imobiliário, além de situações incômodas - mais de uma das fundadoras relatam ter entrado em salas de reunião onde eram a única mulher presente -, e casos de assédio. Atualmente, contam com cerca de 600 participantes e pretendem lançar um app para estimular a contratação de mulheres no setor. Outros planos incluem o lançamento de uma plataforma com conteúdo exclusivo a respeito da situação de gênero no ramo imobiliário e uma nova pesquisa que deve ser concluída ainda neste ano, com um recorte mais focado em situações de assédio dentro do mercado.




Fonte: site Casa Vogue - https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2020/08/mulheres-tem-mais-influencia-do-que-homens-na-compra-de-imoveis-revela-pesquisa.html


 

 
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