Preços das casas de luxo já estão a baixar

As casas da zona ´prime´ de Lisboa onde o metro quadrado estava a ser vendido a 12.000 euros no período pré-Covid, já estão a ser comercializadas abaixo dos €7.500/m², segundo dados da Confidencial Imobiliário
15 out 2020 min de leitura

O mercado imobiliário de luxo em Portugal esteve em alta nos últimos seis anos mas a pandemia já começa a provocar os primeiros danos. Os imóveis ainda estão a ser colocados no mercado com os preços referenciais que existiam antes da pandemia (o chamado asking-price) mas os valores a que acabam por ser efetivamente comercializados já mostram uma tendência de descida.

Na conferência organizada pela Associação Portuguesa de Resorts (APR), realizada no âmbito do SIL – Salão Imobiliário de Portugal que ontem fechou quatro dias de feira imobiliária, ficou a saber-se que o mercado de luxo já se ressente da falta de clientes internacionais, com o consequente impacto no valor de venda das habitações.

Dados apurados pela Confidencial imobiliário apontam para descidas de preços das casas do segmento mais alto não só nas que estão integradas em resorts (o âmbito da conferência da APR) mas também nos empreendimentos de luxo no centro de Lisboa, onde a procura internacional, que alimenta este mercado, “sofreu uma descida na ordem dos 50%  entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020”, adiantou Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
 

“Na freguesia de Santo António, por exemplo, a média de valor de transação nos imóveis de gama alta no primeiro semestre do ano situou-se nos €12.000/m², um valor muito alavancado em negócios feitos no início do ano, antes da pandemia. Mas neste mesmo segmento, analisando os dados dos últimos três meses, verificámos que o pico do mercado, as casas mais caras, já ficaram abaixo dos €7.500/m²”, detalhou o responsável.

Também nos resorts, onde o perfil da procura é igualmente muito marcado pelos compradores estrangeiros, os preços das casas começam a sofrer pressão para descer. “Também aqui, o impacto é muito mais sentido na gama alta do que na gama média. Aqui, assistiam-se a transações acima dos €11.600/m² no segundo semestre de 2019 e esse  segmento pouco ultrapassou a média dos €8.000/m² neste primeiro semestre”, reforçou Ricardo Guimarães, fazendo o contraponto com o mercado mais orientado para a classe média onde os preços continuam a mostrar resistência à descida.

Ainda na semana passada,  o Eurostat, o departamento de  estatísticas europeu, dava conta que os preços da habitação em Portugal estavam a aumentar acima da média europeia (7,8% versus 5%) no segundo trimestre deste ano, colocando o país na quinta posição entre os que registam os maiores crescimentos.

Apesar desta evolução negativa nos preços do luxo, António Fontes, responsável da área de Fomento à Construção no Banco Santander e também presente na conferência da APR, fez questão de salientar que acredita que “o setor dos resorts estará entre os menos afetados” pela pandemia. “Isto porque as taxas de juro estão extremamente baixas levando os investidores deste segmento a investir. Acredito que Portugal até irá beneficiar com esta crise neste segmento em particular”, disse o responsável, acrescentando que já a classe média poderá ficar vulnerável daqui a algum tempo. “O desemprego vai aumentar, o poder de compra das famílias vai diminuir e consequentemente vão comprar-se menos casas… Vamos ver o que acontece quando acabarem as moratórias”, disse o responsável.

Recorde-se que desde abril e para fazer face ao impacto económico da pandemia, o Governo deu ‘luz verde’ às moratórias nos empréstimos, que suspendem o pagamento das prestações dos empréstimos bancários, uma medida que se vai estender até setembro de 2021.

Mas se os clientes mais endinheirados e consequentemente mais imunes à crise vão continuar a comprar imóveis, significa isto que a banca continuará a apoiar os promotores com este tipo de projetos? “Todos os bancos estão retraídos com o setor do turismo mas olhamos para o turismo residencial de forma distinta. Ou seja, no caso de um projeto em local consolidado que seja feito de forma faseada, nós analisamos da mesma forma que fazemos para os residenciais”, respondeu António Fontes. E exemplificou: "Se estivermos a falar de um resort no Algarve, por exemplo, que seja construído por frações, não temos restrições algumas para o financiar. Já o financiamento de hotéis é mais difícil porque são investimentos muito avultados e as unidades hoteleiras não podem ter uma construção faseada”.






Fonte: site Visão - https://visao.sapo.pt/imobiliario/2020-10-12-precos-das-casas-de-luxo-ja-estao-a-baixar/

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