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Imobiliário, banca e economia ameaçados por “fuga” de não-residentes

07 jun 2019 min de leitura

mercado imobiliário português continua a estar "particularmente dependente" da procura de casa por parte de estrangeiros, seja por via do turismo, seja por via do investimento direto, segundo o Banco de Portugal (BdP). O regulador alerta para os riscos de uma eventual “redução acentuada e brusca” da procura de imóveis por não-residentes, algo que pode ameaçar a estabilidade financeira e a economia do país. E também está preocupado com o efeito dos altos preços das casas.

Diz o supervisor que o abrandamento mais acentuado da atividade económica a nível global, “decorrente em particular da materialização de eventos de tensão geopolítica, aumentos dos prémios de risco e eventuais alterações no quadro regulamentar nacional” sobre o mercado imobiliário poderão vir a traduzir-se numa “interrupção brusca do dinamismo do imobiliário” e, consequentemente, num ajustamento em baixa dos preços.

“Continua a existir evidência, em termos agregados, de sobrevalorização no mercado imobiliário residencial desde a segunda metade de 2017, sendo expectável que exista heterogeneidade a nível geográfico", refere a entidade liderada por Carlos Costa no relatório de estabilidade financeira publicado esta quarta-feira, 5 de junho de 2019.

O cenário de sobrevalorização já levou o banco central a pedir mais cuidado às instituições na definição dos critérios de concessão de crédito, uma vez que, e de uma forma geral, a tentativa de aumentar o volume de crédito através da fixação de spreads de taxa de juro que não cubram o risco de crédito de maneira sustentável poderá resultar, no futuro, num maior nível de incumprimento.

Preços das casas são fonte de desequilíbrio

O banco central decidiu criar um indicador para medir o risco sistémico da conjuntura económica para a banca e concluiu que o maior contributo para a acumulação de desequilíbrios surge do aumento dos preços da habitação – que crescem acima do rendimento disponível desde 2015.

Diz o BdP que o risco sistémico começou a diminuir à medida que os bancos foram reestruturando os seus balanços e a economia começou a crescer, mas que os preços das casa, por outro lado, passaram a contribuir para um aumento desse risco, dadas as subidas dos últimos anos. Ainda assim, o regulador antecipa que este contributo será menor para o resto do ano, ainda que vá prevalecer.

“Num contexto de aumento de rendimento disponível e continuação de baixas taxas de juro é de esperar que o índice de preços da habitação continue a crescer acima do índice de preços no consumidor, ainda que se verifique alguma perda de dinamismo no mercado imobiliário residencial. No contexto da recuperação, atual e projetada, do rendimento disponível, a perda de dinamismo dos preços da habitação reflete-se na manutenção do reduzido contributo do rácio entre os preços da habitação e o rendimento para o aumento do risco sistémico cíclico no horizonte de projeção de um ano”, diz o Banco de Portugal.


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